quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Chicala e Elinga

No último sábado, à noite, fui a Chicala, no sul da Ilha de Luanda. A área é praticamente continente, já que a área que a separava da cidade já era bem estreita e foi aterrada. O chão ainda é de barro. Fui lá jantar numas barracas-restaurante - frequentadas sobretudo por locais, com um ou outro português - com a Juliana Borges (paulistana, trabalha aqui no Jornal de Economia) e Kota 50, um veterano fotógrafo mwangolé do jornal, no mercado desde que Angola era colônia.

Pedimos frutos do mar, que demoraram bastante. Primeiro veio o cachucho, um peixe delicioso, servido inteiro e assado, com molho de cebola, aipim e batata frita. Três pessoas comem bem, e já estávamos cheios quando chegou o chuco, uma lula local típica, servida frita com cebola e tomate, cortada em pedaços. O chuco é todo branco, e quem vê, até bem de perto, tem a impressão de que aquilo tudo é polpa de coco seco. Muito bom, e a conta veio muito barata. Mas nem precisei pagar, já que Kota 50 foi quem convidou, e os angolanos são bem formais em relação a isso. Convidou, pagou. Questão de hospitalidade.

Depois fomos ao Elinga, um prédio colonial bem interessante que será demolido para a construção de um empreendimento qualquer. A perda não será somente arquitetônica: no Elinga funciona um teatro bem bom (onde rolam peças e shows), e no salão interior há sempre exposições de arte. Na parte ao ar livre, um bar e dj. O local é frequentado pela galera "alternativa" da cidade, e, graças a Deus, isso não significa gente poser e afetada, como nessas festinhas de Salvador. Também não há bichos-grilos - apenas pessoas interessadas em curtir um lugar menos genérico que as casas noturnas da cidade, direcionadas ao público estrangeiro.

O Elinga estava bem cheio, já que o prazo para desocupação do prédio já se encerrava na segunda (mas as festas continuarão até o dia 15, fui informado por Lino, artista plástico filho de Kota 50 que esteve no Brasil recentemente). O momento mais bacana da noite foi quando o DJ pôs um remix de Billie Jean, de Michael Jackson, fortemente baseado na percussão. Depois que Caetano transformou essa música em bossa nova, os angolanos fizem dela um kuduro.

Fotos do Elinga no blog de Juliana Borges.

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