quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Na minha primeira temporada em Angola o banzo demorou mais para chegar. Só que dessa vez estou praticamente sozinho há um mês numa casa de seis quartos, com um carro na garagem que não sei dirigir (não dirijo nenhum carro, na verdade), roteiro casa-trabalho no loop e fins de semana de silêncio sepulcral, que tento romper saindo a pé pela cidade até cansar as pernas e ficar todo suado. Falta de transporte público, ou mesmo de táxis, é realmente uma tragédia.

A boa notícia é que, ao menos por enquanto, estou fora da minha sala vazia e fui trabalhar na redação, com outras 20 pessoas - e eu sou o único brasileiro. Claro que vou levar um tempinho para me adaptar, mas meu problema nunca foi dificuldade de fazer amizades. O problema é fazer amigos que morem perto de casa, já que eu tenho limitações de movimento.

Mas vejam como são as coisas: quem está de malas prontas para vir trabalhar aqui em Luanda é Vitor Pamplona, que foi meu colega de turma na Facom e de mais dois empregos e do Nacocó, el editor do abandonado e sensacional blog Hora Prima e é o marido da minha querida amiga Emanuella Sombra.

Os dois eram o casal 20 da Facom e passaram a ser do A Tarde também, e, esperamos, devem ser em breve o casal 20 de Angola. Bem-vindo, Vitor. E bem-vinda, Manu, quando quer que você venha - e vai ser em breve, tenha fé. (Vitor deve morar a 40 minutos de caminhada daqui, acho)

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Fora isso, Luanda entrou no cacimbo, a estação "fria" da África austral. Na prática, não é fria de verdade. O sol apenas fica escondido por uma tela branca que cobre o céu, como se estivéssemos em São Paulo - só que as nuvens não têm nada a ver com poluição. No interior do país, baixa a névoa mesmo.

A cidade me parece mais seca, também: andei hoje pelas ruas próximas ao jornal à procura de um restaurante e quando voltei podia jurar que uma criança travessa teria condições de rabiscar "me lave" com os dedos na minha testa. Quanta poeira.

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Pois é: inspiração para escrever é uma questão de ter o que falar, e é por isso que esse blog anda desatualizado. Não quero encher ninguém com as crônicas do meu teto imóvel, mas, mais uma vez, acho que vocês podem acompanhar algo mais interessante. O jornalista João Fellet, que trabalhou no mesmo jornal onde estou agora, segue sua viagem Joanesburgo-Cairo sobre rodas, e já está lá no Egito. O blog dessa viagem é sensacional, justamente porque Fellet está vendo e descobrindo coisas incríveis - e jornalista talentoso que é, sabe falar escrever sobre isso tudo muito bem. Leia o Candongueiro.

Um comentário:

  1. oi, gostei muito, muito de passar por aqui.
    me interesso por angola e ler teu blogue me tornou mais próximo a ela.

    abraço
    caco

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