domingo, 25 de janeiro de 2009

Bebidas e gasosas

A piada é pronta: um grupo de 18 brasileiros que trabalha com comunicação (jornalismo, publicidade, fotografia) aqui em Luanda mora em um casarão apelidado de "Bambi". O nome não tem nada a ver com a sexualidade de ninguém. É que os brasileiros pioneiros, quando chegaram aqui no finalzinho da Guerra Civil, se hospedaram inicialmente no Hotel Bambi, que hoje não existe mais. O casarão em que se instalaram em seguida herdou a marca: virou sinônimo de residência brazuca.

Além desta casa, há mais três ou quatro residências da galera de comunicação que veio trabalhar aqui - na maioria baianos, pernambucanos e paulistas -, mas o Bambi ainda é o principal ponto de encontro, e o maior. Ontem fui pela primeira vez lá e conheci muita gente, incluindo a aniversariante, Paula (acho que é de Pernambuco).

Angola2

Mesmo com tanto brasileiro junto, ver Skol, Brahma ou Antarctica é muito difícil. As cervejas mais comuns são Heineken e Carlsberg, além das portuguesas Superbock e Cristal. As cervejarias nacionais também são fáceis de encontrar: Eka e Cuca (com seu inacreditável vidro de xarope) dominam o mercado.

Já o ramo dos refrigerantes é dominado pela Coca-Cola, com leves alterações locais. A latinha tem 330 ml, em vez dos 350 ml do Brasil. Isso torna a garrafa retornável mais em conta: é mais barata e tem 350 ml, contra 290 ml da especificação brasileira. Não sei se há em outros países, mas é bem comum aqui encontrar Fanta Abacaxi, ou Ananás, como preferem os locais.

Aliás, os angolanos não falam refrigerante, e sim "gasosa". A palavra também é sinônimo de corrupção. Toda vez que é preciso pagar qualquer tipo de propina, seja para se livrar de uma blitz ou guardar o carro próximo a um bar, a parte que recebe o dinheiro pede um agrado para a gasosa.

No caso da polícia, o refrigerante pode custar até 100 dólares, como testemunhei hoje. Ia de carona até a feira de artesanato do Benfica (detalhes no próximo post) quando os colegas brasileiros viram o carro de um dos residentes do Bambi parado na direção contrária. Se quando se está com a razao já é difícil negociar, quando se está errado é impossível. O motorista esqueceu os documentos em casa e só conseguiu se livrar da blitz embolsando 8 mil kwanzas (1 dólar = 74 kwanzas) para a gasosa do policial.

Um comentário:

  1. Só para ilustrar o assunto "gasosas", aqui na Bahia também chamávamos refrigerante de gasosa nos anos 60 e parte dos 70.

    ResponderExcluir